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Arquitetos: Estudio Acta
- Área: 1336 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Fernando Alda
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Fabricantes: Cosentino, ANCLAMIP, Arquitextil, Domingo Serna, Freyssinet CS, a.s., Lorsán infraestructuras, Montajes Almeria, Trespa
Descrição enviada pela equipe de projeto. As estufas do oeste de Almeria estendem-se quase até tocar o mar no Porto de Roquetas, Espanha. A nascente, o Cabo de Gata, serve de pano de fundo a uma rica paisagem de barcos que nos recorda a importância do mar na história desta região. Entre os dois mundos, estufas e barcos, este projeto surge.
Um dos objetivos da ação é melhorar a relação porto-cidade e para isso a primeira decisão é liberar a área de antigas edificações para criar novas sinergias com a cidade, agrupando vários usos em um único volume: mercado de peixe, restaurante, salas comerciais e instalações gerais. O caráter e a posição da edificação - dominando o porto desde seu extremo sul - são condicionados por sua relação com o Castelo de Santa Ana, que marca a localização e a altura do volume a partir das relações visuais entre ele e a paisagem.
Para os profissionais, este espaço é definido como um processo, deve ser uma máquina perfeita, moderna e funcional. Por isso, o térreo é um reflexo direto do ciclo de trabalho e dos fluxos funcionais, desde a chegada do peixe no cais até sua saída nos caminhões. O espaço de vendas, como um pátio, é o coração do edifício, um ambiente de pé-direito duplo, iluminado em seu perímetro superior, ao redor do qual circulam os demais processos.
Para o visitante, os processos cotidianos tornam-se um espetáculo. Isto significa que há um especial interesse em destacar produtos e sistemas artesanais como o corte único do peixe-espada. Dessa forma, o edifício pretende ser muito aberto e receptivo às vistas exteriores mas, ao mesmo tempo, controlado nas suas circulações.
Para a cidade, o novo volume pretende ser uma homenagem ao mundo do mar nas curvas suaves, na tensão e na textura da sua envolvente: velas, redes, cordas,… . A sua imagem pretende ser atraente, destacando-o sem impactar o entorno. Trata-se de sair do anonimato para promover um novo papel, o de atração turística, altamente complementar à atividade principal do volume e à sua atuação na cidade.
A sua condição, de abertura para a cidade, inicia em um amplo alpendre coberto voltado a oeste, no qual um painel de vidro expõe o mercado de peixe e permite que o pátio seja visto desde o exterior. O primeiro andar é um espaço unitário em forma de estufa cujo invólucro têxtil se desenvolve em uma paisagem interna formada por pequenos volumes que abrigam usos restritos: cozinha, escritórios, instalações sanitárias, salas de apoio, armazéns... O visitante circula entre eles para contemplar os trabalhos e manipulações, bem como a cafetaria e o seu terraço privilegiado.
A nível construtivo, o edifício apresenta uma leitura tripla ascendente: o térreo é composto de concreto armado, muito tectônico, industrial e robusto. Sobre a laje protendida que o reveste, assenta-se o gracioso nível superior, com caixas de estrutura metálica e lajes leves. O conjunto é arrematado pela estrutura metálica curva que sustenta o invólucro têxtil - microperfurado, perfurado ou preenchido - que reveste fachadas e coberturas.